segunda-feira, 15 de junho de 2020

Soneto do morto convicto

Estou tão morto quanto pode estar
Um homem que da vida decidisse
Abster-se e que tão bem o conseguisse
Que se abstivesse até de respirar.

Estou tão morto que, se agora ouvisse
Alguém na minha rua me chamar,
Jamais me deixaria equivocar,
Um morto não cai fácil em tolice.

Morto, assim morto eu permaneceria,
Porque morto estou desde aquele dia
No qual a peste veio para impor

Que morreriam todos empestados
Aqueles que se achavam destinados
A morrer abençoados pelo amor.

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