segunda-feira, 8 de junho de 2020

Soneto dos dois tempos

Passou, já, nosso tempo de viver,
Tão fugaz quanto o amor, tão apressado
Que, tão logo se deu a conhecer,
Estava já prescrito e consumado.

Tão curtos vida e amor vieram a ser
Quanto o reinado de um rei que, coroado,
Na sagração morresse após beber
Um cálice de vinho envenenado.

Se o amor foi nosso rei, e nossa vida
Dissemos sempre estar à dele unida,
Por que incidimos neste erro fatal?

Se um súdito não segue seu senhor,
Se um amante não segue seu amor,
Como é que fica a lógica, afinal?

Nenhum comentário:

Postar um comentário