Na época de minha áurea mocidade,
Tão superior, tão forte eu me julgava
Que se eu então morresse calculava
A perda que teria a humanidade.
Ludibriado por minha ingenuidade,
Tão grande poeta eu me considerava
Que não pensava, que não suspeitava
Que era um rei sem nenhuma majestade.
Quando chegou a idade da razão
E desfez minha tola presunção,
Eu pude meu tamanho compreender.
Sei hoje, como há muito deveria,
Que há de se conservar viva a poesia
Muito depois do dia em que eu morrer.
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