sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Soneto da grandeza imaginária

Na época de minha áurea mocidade,

Tão superior, tão forte eu me julgava

Que se eu então morresse calculava

A perda que teria a humanidade.


Ludibriado por minha ingenuidade,

Tão grande poeta eu me considerava

Que não pensava, que não suspeitava

Que era um rei sem nenhuma majestade.


Quando chegou a idade da razão

E desfez minha tola presunção,

Eu pude meu tamanho compreender.


Sei hoje, como há muito deveria,

Que há de se conservar viva a poesia

Muito depois do dia em que eu morrer. 

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