quarta-feira, 24 de maio de 2023

Soneto da flor que se refez virgem

Caíram tuas pétalas. A sanha

Desajeitou-te os seios, fê-los rasos

E desnudos se deram quase fáceis

À colheita dos dedos e da boca.


Abriram-se os segredos. O momento

Deitou-se sobre ti com força, e foste,

E vieste, e foste, e vieste, e sucumbiste

Úmida de teu gozo e de teu pranto.


Possuída, estavas coisa sobre a cama.

Mas depois, quando o peso te livrou

E recobrou a altura seu espaço,


Ergueste pelo chão as tuas roupas,

Teu porte mais soberbo do que nunca e

Tua feição de flor refez-se virgem.



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