sábado, 27 de maio de 2023

Soneto da morte vespertina

Agora, sua vida morre agora,

Na tristeza da tarde que adormece.

Sua alma ascende ao céu, sua mãe chora,

Choram os seus amigos. Anoitece.


Um murmúrio monótono de prece,

Quatro velas queimando, e o vento, fora,

Suavemente nas árvores esquece

Sua dolente compaixão sonora.


Os versos seus que em lágrimas se esfolham

E de um celeste amor, com voz aflita,

Falam, todos os leem, e se entreolham.


A lua, então, abrindo o claro peito

Entra pela vidraça e deposita

Um punhado de lírios em seu leito.

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