quarta-feira, 24 de maio de 2023

Soneto da pobreza e da fartura

Não posso dar-te o lastro da riqueza

Nem as delícias de uma vida quieta.

Comigo não terás sequer a mesa

Quem em casa de teu pai viste repleta.


Trocarás teu caminho em linha reta

Por um atalho cheio de incerteza.

Mas vem, que se em teu lar foste dileta

Em meu tugúrio tu serás princesa.


Vem! Sacrifica teu viver risonho

E a quentura de teu paterno ninho

Por mim que tenho frio e tanto choro,


Por mim que sempre estive assim tristonho,

Por mim que nunca tive algum carinho,

Por mim, mulher, que te amo e que te adoro.

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