quinta-feira, 14 de abril de 2011

A praga

Três meses depois que o amor morreu, as flores começaram a murchar no quintal, e os galhos das árvores, atacadas por uma praga, nem o mais forte vento conseguia balançar. Era falta de água, disse alguém, e o homem, cujas palavras já não eram ditadas pela poesia, alegrou-se com a chegada da estação chuvosa. Mas ela veio, passou, e continuaram mortas tanto as árvores quanto as flores. Tinha sido excesso de água, opinou alguém, recomendando o volume certo. Então o homem notou que todas as torneiras, quando ele as abria, deixavam escapar não mais que meia dúzia de gotas e emitiam um lamento que, parecendo o de alguma alma penada, o fez pôr a casa à venda.

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