segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Lírica (329) - Solamente una vez
Veio-lhe aos lábios um bolero muito antigo, que ele assobiou com emoção. O assobio lhe despertou na memória a letra do bolero: uma vez somente, e mais nenhuma, se entrega a alma com a doce e total renúncia. Seus olhos se nublaram. Solamente una vez, ele cantou, sentindo toda a verdade, toda a dor e toda a grandeza da frase. Havia entregado a alma uma vez, com a doce e total renúncia. Havia sido recusada, sua alma, porém ele não se arrependia. Andando pela rua, continuou assobiando o bolero, e os que olhavam para ele se perguntavam que desgraça poderia ter acontecido àquele homem para que ele chorasse tanto.
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