sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Lírica (1.301) - Boleros, bocas, beijos
Ele conta sempre a história, quando lhe pedem ou até quando não. Foi o vencedor, em 1965, de uma competição entre dançarinos amadores e, no mesmo ano, de um concurso que o considerou o melhor dos beijadores da Vila Monumento. Em ambas as ocasiões enfrentara três dezenas de concorrentes e a glória assim conquistada se espalhou do seu bairro para os vizinhos, o que o tornou requisitadíssimo pelas moças. Bom tempo. Boleros levavam a beijos, beijos faziam-no avançar nas etapas amorosas e ele pôde se considerar feliz por muitos anos. Nos mais recentes, porém, vem vivendo das recordações, não porque haja esquecido as técnicas de beijador emérito, como consta no seu certificado de ganhador do concurso, mas porque, com uma perna agora irremediavelmente claudicante, não pode mais contar com os boleros para abrir-lhe o caminho para as perfumadas bocas pelas quais, entretanto, ainda anseia.
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