domingo, 11 de março de 2012
De que amor se fala
O amor, como eu o vejo, não pode nunca dar certo, e é isso que mantém, eu penso, sua mística. Há quem tenha do amor a imagem de uma família acomodando as malas, os filhos e os cachorros no carro, para uma viagem de férias. Não consigo acreditar que tudo o que os poetas vêm dizendo há séculos se refira a isso. O amor é aflição, é ciúme, é insônia, é insânia, é tormento. O amor é Werther. Tudo que fuja a esse script é acomodação, é arranjo social, é conveniência, é qualquer coisa menos amor. O amor precisa doer, machucar, ser uma dúvida e uma conquista de cada manhã, de cada tarde, de cada noite. O amor há de incomodar, jamais aliviar. No dia em que ele não atormentar mais, já não será amor. Amor em álbum de fotos, tenham paciência, pode haver maior disparate?
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