quarta-feira, 20 de junho de 2012
Eu na Ilha de Caras
Não, Roseli, mesmo que eu fosse famoso, nunca me levariam à Ilha de Caras. Nenhum fotógrafo, nenhuma câmera se disporiam a fixar-se em minha tristeza. E, se me convidassem, nos dias em que eu estivesse lá haveria um rancor da natureza e se notaria a má vontade do sol, enclausurado entre nuvens. A praia levantaria ondas de protesto e o sorriso das celebridades se cansaria de esperar o momento de se abrir. Logo descobririam em mim a causa de tudo e, convidado afavelmente a me retirar, assim que o carro reservado para o meu transporte começasse a se afastar, o sol se mostraria pleno e as ondas se apaziguariam. Como, porém, sempre que me mencionassem, o cenário se fizesse novamente sombrio, seria proibido pronunciar meu nome ali até o fim dos séculos, fato facilitado pela já natural impronunciabilidade do meu sobrenome polonês. Não, Roseli, jamais você me verá fazendo jacaré com a Ana Maria Braga e a Susana Vieira.
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