"Foi fácil adquirir o hábito de parar na rue de Fleurus, 27, ao fim da tarde, em busca de aquecimento, dos grandes quadros e do bate-papo. Frequentemente Miss Stein não tinha visitas, mostrava-se muito amiga e durante muito tempo foi até afetuosa. Quando eu voltava das viagens que fazia para a cobertura de diveras conferências políticas, reportagens no Oriente Próximo ou na Alemanha, por conta do jornal canadense ou da agência de notícias para os quais trabalhava, ela queria que lhe contasse todos os detalhes divertidos. Sempre havia coisas engraçadas a contar e ela gostava de ouvi-las, apreciando também aquilo que os alemães chamam de histórias de humor negro. Miss Stein queria conhecer o lado alegre do que se passava pelo mundo; nunca o lado real, nunca o lado mau.
Eu era jovem e nada sombrio e, como sempre havia coisas estranhas e cômicas acontecendo nos píores momentos, Miss Stein gostava de ouvi-las. Das outras coisas eu não falava: preferia escrever sobre elas."
(Do livro Paris é uma festa, traduzido por Ênio Silveira, publicado pela Civilização Brasileira.)
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