quinta-feira, 16 de maio de 2013

Priscylla (2)

Apesar da comoção que o assunto me provoca, ou para aliviá-la, retomo hoje o relato que me dispus a fazer sobre Priscylla Mariuszka Moskevitch. A memória, solicitada, me recoloca no vagão do metrô, logo depois do nosso primeiro e fortuito encontro. Tão absorto estava nas impressões colhidas na livraria e no café, que quase não me dei conta quando cheguei à minha estação. Quando saí, por pouco não fui guilhotinado pela porta. Subi a escada, e o sol que me recebeu parecia outro, assim como tudo ao redor. Estava já sob o feitiço que viria a me acompanhar durante anos. Era já um dependente de Priscylla. A vida, a partir dali, seria sempre desinteressante e desconexa, se eu não injetasse nas veias uma dose diária de Priscylla. Eu era um cativo do amor e me sentia diferente de todas as pessoas pelas quais passava. Achava incrível que não me olhassem, que não me apontassem. Se me dissessem, naquele instante, que eu flutuava, eu acreditaria. Eu flutuava dentro da nuvem em que Priscylla me enredara.

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