quarta-feira, 1 de maio de 2013

Que eu possa...

... despir-me de minhas pretensões épicas e louvar a vida como o riacho anônimo louva com suas águas mansas as árvores, ao passar por elas. Que eu encontre em mim a serenidade de não querer ser, com minhas palavras, maior que o sol, quando me referir a ele. Que me perdoem pelos meus excessos quem os tiver sofrido, que eu possa ser lembrado, se for, com certa ternura, ainda que ela venha com alguns fios de boa vontade e talvez de compaixão. Que, se eu voltar a gritar com a ingênua presunção de provocar ecos e derrubar montanhas, me deem o desconto por meu autorreconhecido desequilíbrio. Gostaria de estar em paz com as pessoas, me agradaria pensar que elas não me detestam como eu bem mereceria. Que eu possa cantar o amor como quem canta um sentimento eterno, e não como quem faz um requerimento em benefício próprio. Que eu possa manter esta disposição de me colocar onde devo e carregar a vida como me compete, com dignidade. Meus ombros são fracos, é verdade, mas já percorri quase todo o caminho.

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