quarta-feira, 8 de maio de 2013
Sair devagar...
... do micro, este formidável e universal confidente. Já o aborrecemos demais com nossos queixumes - e talvez por isso ele, que parece ir se afeiçoando crescentemente a nós, esteja com a tela úmida. Podem ser nossas lágrimas, podem ser as dele. Pode ser só a umidade da manhã. Dizer-lhe ainda, antes de fechá-lo, aquilo em que ele talvez acredite: que somos sinceros no que lhe dizemos, tanto quanto pode ser sincero este pobre ser humano que não se compreende e se mete a compreender o mundo. Dizer a ele que, se pudéssemos dizer às pessoas o que dizemos a ele, nos olhariam com olhos menos desconfiados. Dizer-lhe que em certos dias temos vontade de abraçá-lo, como se fosse nosso gato mais querido, e dar-lhe, um a um, os grãozinhos de ração, cada um deles seguido por uma palavra amorosa.
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