sábado, 4 de maio de 2013

Sou um centauro...

... moderno. Incorporei o sofá, ou o sofá me incorporou. Somos um só, agora. Para onde vou, eu o levo, ou ele me leva com seus pés, já é difícil distinguir. Na verdade, não nos movimentamos muito. Estamos os dois já velhos para aventuras. Ficamos na sala, sonhando incursões marítimas. Quando nos entregamos a sonhos dessse tipo, revezamo-nos na direção do navio. Às vezes, o gato nos acompanha, embora tenhamos certa restrição a ele, por questões de mau agouro. Impressionados com a possível má influência que o sofá tem sobre mim, a família pensou em jogá-lo na caçamba, mas recuou ao perceber que precisariam jogar-me também. Analisaram a hipotese de me levar ao manicômio, mas ali certamente não aceitariam o sofá. É caso de se pensar. Haverá uma reunião, provavelmente amanhã, para decidir como procederão. É complicado. Enquanto isso, com o gato ou sem, vamos navegando. Estamos cada vez mais exímios. Kafka talvez gostasse de nos acompanhar.

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