"Você está certíssima em pintar naturezas-mortas, agora. É exatamente o que dá vontade de fazer diante dessa maravilhosa safra de esplêndidos frutos redondos: colhê-los, brincar com eles, tornar-se um deles, como se poderia dizer.
Quando passo por uma banca de maçãs, paro e fico olhando até sentir como se eu própria estivesse me transformando numa delas. Ou então que, por um milagre, a qualquer momento pudesse sair de mim uma maçã, assom como um mágico faz sair um ovo... Quando você as pinta também sente seu busto, seu tornozelo, transformarem-se em maçãs? Ou pensa que imaginar isso seria uma grande tolice? Eu não acho. Estou certa de que não é. Quando escrevo sobre patos, juro que sou um pato branco de olhos redondos, flutuando em um pequeno lago franjado de bolhas amarelas."
(Do livro Diário & cartas, tradução de Julieta Cupertino, publicado pela Editora Revan.)
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