"O que ocorre, na realidade, é que ninguém será hoje um poeta se não duvidar seriamente do seu direito de sê-lo. Quem não vê o estado do mundo em que vivemos dificilmente terá algo a dizer sobre ele. O perigo de que é alvo, antes preocupação central das religiões, deslocou-se para o aquém. O ocaso do mundo, experimentado mais de uma vez, é visto com frieza por aqueles que não são poetas; alguns há que calculam suas chances de fazer disso o seu negócio e engordar cada vez mais com ele. Desde que as confiamos às máquinas, as profecias perderam todo o valor."
(Do livro A consciência das palavras, tradução de Márcio Suzuki, edição da Companhia das Letras.)
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