terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Para inventar o mundo cada dia", de Eduardo Galeano

"Conversamos, comemos, fumamos, caminhamos, trabalhamos juntos, maneiras de fazermos o amor sem entrar-se, e os corpos vão se chamando enquanto viaja o dia rumo à noite.
   Escutamos a passagem do último trem. Badaladas no sino da igreja. É meia-noite.
   Nosso trenzinho próprio desliza e voa, anda que te anda pelos ares e pelos mundos, e depois vem a manhã e o aroma anuncia o café saboroso, fumegante, recém-feito. De sua cara sai uma luz limpa e seu corpo cheira a molhadezas.
   Começa o dia.
   Contamos as horas que nos separam da noite que vem. Então, faremos o amor, o tristecídio."

(De Mulheres, tradução de Eric Nepomuceno, edição da L&PM.)


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