"À passagem da tua bem-querida
um a um os carros estacionados disparam o alarme
nas esquinas todos os semáforos acendem o verde
os pipoqueiros distribuem pipoca com mel e algodão-doce
em cada vidraça pronto florescem os vasinhos de violeta
os muros apagam as pichações e escrevem o nome dela
à sua volta revoam sete pombas brancas de galochas vermelhas
alumbrados míopes e coxos atiram para o ar muletas e óculos
nos pedestais os heróis esquecem que são bronze e batem palmas
em todo jardim rosas lírios orquídeas alegremente cantam
à passagem da tua bem-querida."
(Do livro Veneno na veia, Editora Record.)
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