quinta-feira, 9 de maio de 2019

Beijos de fogo

No escritório da imobiliária, devem pensar que ele e ela se detestam. Quase não se falam. Mas toda noite, às seis, quando saem e por caminhos diversos chegam ao estacionamento, ele, no lugar do carona, move as mãos rapidamente para as coxas dela, enquanto ela põe o carro em movimento. Vão sempre  para uma rua escura e desligam-se do mundo. Começam a beijar-se e param só depois de uma hora, marcada no relógio. Depois, ela volta para casa e para o marido, ele para o apartamento e para a mulher. As bocas saem inchadas e secas desses exercícios, de segunda a sexta. Isso dura já seis meses e, se alguma vez lhes ocorreu passarem para alguma etapa seguinte, souberam segurar-se. A etapa seguinte ela sempre pode ter na sua casa, e ele no seu apartamento. Aqueles beijos, em que os lábios trocam fogo por fogo, enquanto as mãos percorrem embriagadamente tecido e carne, somente no carro os dois desfrutam.

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