sábado, 18 de maio de 2019
O pijama de seda
Hoje ela pôs o pijama de seda. A calça suspende-lhe a bunda, confere-lhe um provocativo ar aristocrático. Quando ela se deita, ele começa a brincar com o elástico, fazendo-o estalar sobre o umbigo dela. Faz quatro, dez vezes. Aí ela se irrita e pergunta se foi por isso que ele a quis na cama. Ele então jura que não, de jeito nenhum, e pede-lhe que o toque ali onde palpita a prova de tudo que afirma. Pede-lhe desculpas, beijando-lhe a boca, mas sem parar de mexer no elástico. Plect, plect. Quando se enfia dentro dela, a brincadeira já o fez ser rancorosamente mordido nos lábios e no pescoço. É gostoso assim, bem melhor. Imagina que ela perceba isso também, mas jamais lhe perguntará. Teme que essas noites esporádicas, as do pijama de seda, se tornem rotina, como aquelas todas em que ela vai para a cama com aquela camisola exótica que a faz parecer uma gueixa anoréxica de puteiro, alimentada com brisa e haicais de Bashô.
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