quinta-feira, 5 de março de 2020

Soneto do joguinho amoroso

Um beijo só, só um, é o que ele pede
Choroso, há mais de dez minutos já,
E insiste: um beijo só,  me dá, me dá,
Mas a mulher o beijo não concede.

Nesse jogo amoroso vão os dois,
Sentados no sofá, ansiando e adiando,
A cada negação antegozando
O gozo pleno que virá depois.

Há muitos anos já que, diariamente,
Seguem as normas detalhadamente
E, quando o instante exato enfim chegar,

No quarto já despidos estarão
E ela, que no sofá diz sempre não,
Na cama nada irá mais recusar.

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