Que fizemos dos dias que passaram
(E foram tantos, minha velha amiga),
Que fizemos de todos eles, diga,
Que tão pouco de si em nós deixaram?
As lembranças que deles nos ficaram
Perdem-se como os sons de uma cantiga
Muito bela, mas também tão já antiga
Que até seus versos todos se apagaram.
Passaram todos, e a incapacidade
Que tivemos de inteiros conservá-los
Nos faz, com a alma de pejo e culpa cheia,
Juntá-los em um termo só, saudade,
E assim, sem brilho e sem calor, lembrá-los
Como se fossem de memória alheia.
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