terça-feira, 17 de agosto de 2010
Lírica (456) - A senha
A palavra volúpia lhe abrasava o sangue como jamais alguma mulher havia conseguido, talvez porque nenhuma tivesse o aspecto daquela que ele imaginava ao pensar na palavra: uma cigana quase andrajosa de olhos negros, de formas opulentas e ao mesmo tempo esbeltas, cuja beleza só ele fosse capaz de descobrir porque apenas ele conhecia o momento exato em que, todas as noites, ela se revelava a quem tivesse a audácia de ir encontrá-la em determinado beco, de se esquivar das estocadas do seu punhal e de dizer-lhe, num melado sussurro, a palavra volúpia.
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