quarta-feira, 27 de julho de 2011
Metrô Saúde
O homem quer descer a cada estação: "Filha, não é esta?" A filha, paciente: "Não, pai." "Filha, então você compra as flores e põe no cartão: do João, com afeto. Não, com muito afeto." "Está certo, pai. Eu já sei." "Você já sabe mas pode esquecer, não pode? Não é esta?" "Ai, pai, para. Esqueceu que nós vamos descer juntos? Deixa, que eu estou vendo." "Nós vamos, filha, mas tem que ser na estação certa, né? Você não vai esquecer, vai? Do João, com muito afeto. Quero ver a cara da tua mãe." A filha olha para o alto: "Jesus. Pai, por que você não vai comigo até a floricultura e você mesmo escreve?" "Já te falei, eu preciso chegar em casa logo, eu estou apertado." "Faz lá na floricultura." "Essas coisas eu só consigo fazer em casa. Não é esta?" A voz avisa: "Estação Saúde." "Obrigado", o homem agradece à voz. "Vamos, filha, é esta." "Espera pelo menos o trem parar, pai."
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