sábado, 23 de julho de 2011
Oz, Celan, McEwan, Roth
Para que os (im)prováveis leitores não fiquem no meio do caminho por culpa de minha dispersão, um registro: concluí o livro de Amós Oz citado aqui há alguns dias e ele é tão brilhante quanto me pareceu no início. Li ontem uma coletânea de poemas de Paul Celan (Cristal, traduzida por Claudia Cavalcanti e publicada pela Iluminuras) e eles me revelaram a alma de um verdadeiro artista e de um homem notável (como deixar de qualificar assim alguém que se mata nas águas do Sena?). Estou lendo agora Solar, de Ian McEwan, publicado pela Companhia das Letras, em tradução de Jorio Dauster, e a primeira impressão está sendo poderosa. A McEwan sempre me pareceu que faltava um pouco mais de calor, de paixão, e neste Solar há nas páginas iniciais esse calor e essa paixão, fazendo-me lembrar de Philip Roth. Como minha ojeriza ao sol e a qualquer vida que não seja a dos livros tem se acentuado, espero terminar a leitura neste domingo e poder dizer que o romance todo é tão bom quanto seu começo. O protagonista, Michael Beard, Prêmio Nobel de Física, está perdendo aos cinquenta e três anos sua mulher de trinta e quatro para um assentador de azulejos e reage como qualquer rapazola chutado pela namorada. Um exemplo do estilo direto de McEwan: "Beard havia se surpreendido ao descobrir como era complicado ser um corno."
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