segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Pássaros velhos
Os poetas morriam cedo, aos vinte, aos vinte e um. Isso era o certo. Poetas maduros são frutos apodrecidos, são bufões de ceroula e bengala. Quem há de aceitar anjos de bigode e cabelos brancos, fazendo gargarejo uma hora antes de declamar estrofes mofadas na associação de moradores do bairro? Quem há de tolerar ouvir esses macróbios de caules murchos, esses guerreiros cujas espadas apontam lastimavelmente para o chão, chamando ainda as Musas? São embusteiros, todos, e pensam disfarçar a decrepitude com gorjeios de terceira mão. Que, assim como eu, morram secos e amaldiçoados todos os que, não guardando dela mais que uma lembrança, simulam ter a juventude ainda viva e acesa no coração. Devotem-se à filosofia ou à religião e deixem de bolinar a poesia.
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