domingo, 31 de março de 2013
O tempo...
... suaviza tudo. Se eu ainda tiver memória daqui a cinco anos - é insensato pensar que eu possa contar com mais tempo de vida do que esse -, talvez eu lembre este domingo como as recordações muito cansadas lembram tudo: uma névoa, uma imprecisão, um borrão com alguma claridade opaca. A magnânima memória não me lembrará desta pontada no peito, desta aflição, do peso desta manhã, do desejo de já ter vivido e morrido num tempo bem distante, de já haver cumprido o triste caminho que cabe a cada homem percorrer. Terá sido um domingo qualquer, este, como toda vida, por mais que se queira engrandecê-la, é no fundo, sempre, uma vida qualquer.
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