sábado, 4 de maio de 2013

Ele se sente...

... um cordeiro entregue às mãos da sua dona. Ela decidirá sobre sua vida. No colo dela, que o avalia, ele perdeu já todo o pavor e, se ela se pronunciar pela sua morte, ele já nem se importa. Espera apenas que ela conserve ainda a dúvida pelo tempo suficiente para cheirar-lhe as mãos, quem sabe lambê-las até, furtivamente. Sabe agora que morrerá, se ela quiser, e morrerá também, se ela o poupar. Como suportará a ventura de sentir na boca a maciez desses dedos que parecem dispostos agora a afagá-lo? Como aguentará ouvir seu coração e ouvir sua voz (sua voz!) se ela resolver chamá-lo de meu cordeirinho?

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