sábado, 4 de maio de 2013

Em algum lugar...

... desta cidade ela prepara a cama para dormir, a sua guria. Ele gostaria de ajudá-la a esticar o lençol, ajeitar a fronha, afofar o travesseiro. Como lhe agradaria olhar seus olhos enevoados já pelo sono, como o dos gatos. Há tanto tempo não vê os olhos de sua guria. Que prazer teria em lhe desejar boa noite e olhá-la com pureza, sufocando todos os importunos apelos da carne. E como seria belo cobri-la e contar-lhe uma história, uma que finalmente ele soubesse inventar e que a fizesse perguntar pelos personagens e a interessar-se por eles. Ah, e como lhe faria bem, vendo-a já entregue ao sono, dar-lhe um beijo na testa, apagar a luz e sair andando maciamente pelo corredor. Ele pensa nisso tudo e, tomado por uma ternura tão forte que é já uma agonia, diz as palavras mais importantes do seu dia: durma bem, durma, minha amada guria. Até amanhã, guria da minha alma.

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