sexta-feira, 17 de maio de 2013
Priscylla (3)
Pensei em retomar o relato sobre Priscylla Mariuszka Moskevitch e sobre o efeito de seus sortilégios em mim, mas uma agulhada no peito e um repentino umedecer de cílios quase me demoveram. A emoção exacerbada foi o que fez nascer o projeto e há de guiá-lo, se ele tiver continuidade, mas a que senti agora há pouco foi tão insuportável (e bela) que fechei os olhos e me concentrei todo para absorvê-la e desfrutá-la. A tristeza tem sido a colheita mais preciosa dessas lembranças, e a que senti, e sinto ainda enquanto termino a frase, é tão intensa que ouso imaginá-la semelhante à dos êxtases místicos. Priscylla Mariuszka Moskevitch foi sempre, para mim, desde o primeiro dia, uma ideia de beleza, uma exaltação do espírito, e todas as vezes em que me permiti pensar num desvio, numa corporificação, digamos assim, a impressão que tive foi a de quem, ainda que com um dedo apenas, turva uma superfície límpida. Nos dois textos anteriores narrei circunstâncias que, vejo agora, não têm importância nenhuma. Locais e momentos, espaço e tempo, no caso, são só uma tela sobre a qual eu tentei esboçar algo que não tem cor nem textura, algo que, por ser ideal, foge da servidão da matéria. Priscylla Mariuszka Moskevitch é uma ideia carregada de afeto.
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