"Se, órfão do olhar humano e da fortuna,
Choro na solidão meu pobre estado
E o céu meu pranto inútil importuna
Eu entro em mim a maldizer meu fado;
Sonho-me alguém mais rico de esperança.
Quero feições e amigos mais amenos,
Deste o pendor, a meta que outro alcança,
Do que mais amo contentado o menos.
Mas, se nesse pensar, que me magoa,
De ti me lembro, acaso - o meu destino,
Qual cotovia na alvorada entoa
Da negra terra aos longes céus um hino.
E na riqueza desse amor que evoco,
Já minha sorte com a dos reis não troco."
(De Comédias e sonetos, tradução de Ivo Barroso, publicado pela Editora Abril.)
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Esta tradução é de Ivo Barroso e não de F. Carlos de Almeida Cunha.
ResponderExcluirObrigado, Gilberto. Foi engano (grave) meu. A Barroso o que dele é.
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