"Sabe que, se quiser ser um grande homem, deverá ler livros sérios. Deveria ser como Abraão Lincoln ou James Watts, estudando à luz de vela enquanto todo mundo dorme, aprendendo sozinho latim, grego e astronomia. Ele não abandonou a ideia de ser um grande homem; promete a si mesmo que logo começará leituras mais sérias; mas por enquanto só quer ler histórias.
Lê todos os contos de mistério de Enid Blyton, todos os dos Hardy Boys, todos os de Biggles. Mas os livros de que mais gosta são as histórias da Legião Estrangeira francesa, de P.C. Wren.
- Quem é o maior escritor do mundo? - pergunta a seu pai.
- Shakespeare - responde o pai.
- Por que não P.C. Wren? - ele indaga. Seu pai não leu P.C. Wren e, apesar de seu passado militar, não parece interessado. - P.C. Wren escreveu quarenta e seis livros . Quantos livros Shakespeare escreveu ao todo? - ele desafia e começa a recitar os títulos.
Seu pai diz 'Ah' de modo irritado, mas não sabe a resposta.
Se seu pai gosta de Shakespeare, então Shakespeare deve ser ruim, ele conclui. No entanto, começa a ler Shakespeare, na edição amarelada com bordas gastas que seu pai herdou e que deve valer muito porque é antiga."
(Do livro Cenas de uma vida, traduzido por Luiz Roberto Mendes Gonçalves, publicado pela Editora Best Seller.)
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