"Ivan Ilitch via que estava se finando e o desespero não o largava. No fundo da alma, sabia bem que ia morrendo, mas não só não se acostumava com a ideia, como não a compreendia mesmo - uma absoluta incapacidade de compreendê-la.
O exemplo de silogismo que aprendera no compêndio de Lógica de Kiesewetter - 'Caio é um homem, os homens são mortais, logo Caio é mortal' - sempre lhe parecera exato em relação a Caio, jamais em relação a ele. Que Caio, o homem abstrato, fosse mortal, era perfeitamente certo; ele, porém, não era Caio, não era um homem abstrato, era um ser completa e absolutamente distinto dos demais."
(De A morte de Ivan Ilitch, tradução de Marques Rebelo, publicado pela Ediouro.)
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