"Pode-se ouvir o silêncio. Nitidamente, porque é o único som que preenche o espaço, aqui. O silêncio é um zunido que não se saberia detectar de onde provém, porque, na verdade, é quase um corpo compacto - uma substância compacta, preenchendo o vazio despido de verdadeiros sons. O silêncio zune, zoa, num ritmo enlouquecedor, porque linear e descontínuo. O silêncio poderia enlouquecer; ou embriagar, intoxicar, levar à mesma espécie de embriaguez do azoto. O silêncio - como o "muro azul" para os mergulhadores: lá, a embriaguez da profundidade; aqui, a embriaguez letal pelo silêncio."
(Do livro Flashback - dimensão de memória, publicado pela Quatro Artes.)
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