sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
A vilã
Numa de minhas recentes visitas a colégios, tive uma surpresa. Vi-me de repente diante de uma classe de meninos e meninas não de doze ou treze, mas de cinco a seis anos. O que iria dizer a eles? Disse que ia contar uma história. Oba, oba, oba. E que história iria contar? Não tinha preparado nenhuma. Eu disse: vocês devem ter cuidado quando forem abrir uma gaveta. Outro dia uma caiu no meu pé. Os meninos me olharam. Começo de história esquisito. Perguntaram: e aí? Aí está doendo até agora. Um perguntou: está doendo muito? Respondi: um pouco. Nesse momento, várias mãos se levantaram. Todos queriam me contar uma história. Contaram. No pé de todos, um por um, havia caído uma gaveta, e a pancada ainda doía. Ah, como podem ser gentis as crianças. A professora sorriu quando os garotos e eu fizemos um coro para mostrar como doíam nossos pés: ai, ai, ai. À noite, na feirinha de livros do colégio, alguns me apontavam para os pais: foi no pé dele que caiu a gaveta.
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