"Quanto pesem os maus bocados, as páginas rasuradas e sem nexo de minha vida, sempre te encontro debaixo de um céu imenso, num sossego que torna ridículo qualquer acesso de impaciência. E que vida cinzenta seria a minha se não estivesse ali contigo, se apesar de tudo não conseguisse estar, se inventasse uma desculpa por medo, medo da noite, medo do sossego, medo dos teus olhos tocando os meus, lá no fundo de um poço, como só aqueles que se amam sabem fazer. Mas até hoje alguma coisa em mim foi maior que o medo, alguma coisa de bicho desaçamado que fareja a terra e se sente bem."
(Da crônica "Carta para o amigo", extraída do livro Breves anotações sobre um tigre, editora ardotempo.)
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