"Ai, voz secreta do amor escuro!
Ai, balido sem lãs! Ai, ferida!
Ai, agulha de fel, camélia caída!
Ai, corrente sem mar, cidade sem muro!
Ai, noite imensa de perfil seguro,
montanha celestial de angústia erguida!
Ai, cão em coração, voz perseguida,
silêncio sem confim, lírio maduro!
Foge de mim, quente voz de gelo,
não queiras perder-me na mata
onde sem fruto gemem carne e céu.
Deixa o duro marfim de minha cabeça,
apiada-te de mi, rompe meu dó!
Que sou amor, que sou natureza!"
(De Sonetos do amor obscuro e divã do Tamarit, tradução de William Agel de Mello, publicação da Folha de S. Paulo.)
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