"Quando vejo nas crônicas antigas
A descrição dos seres mais perfeitos,
E o belo a embelezar velhas cantigas
Em honra à dama e aos paladins eleitos,
No blasonar da formosura rara
Que em mãos, pés, lábios, olhos, face aflora,
Sinto que a musa antiga decantara
Mesmo a beleza que deténs agora.
Não passa tal louvor de profecia
Do nosso tempo, e já te prefigura;
Mas como só na mente é que te via,
Não pode o teu valor cantar à altura.
E hoje, que temos olhos para ver,
Verbo nos falta para enaltecer."
(Tradução de Ivo Barroso, de Obra completa, Editora Abril.)
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