O amor é um gato
que chega como que por acaso um dia
e por acaso é o dia
de nossa maior solidão
ou o do nosso aniversário
Entra correndo pela sala
escolhe o sofá instala-se
e com as unhas marca sua possessão
Poderíamos dizer não ou dizer sim
mas nunca dizemos não
e logo terá de curvar-se
diante do sofá
quem quiser falar com o patrão
Livres do livre-arbítrio
passamos a confiar tudo ao tirano
e nos perguntamos
como não descobrimos antes
que esse era o jeito certo de viver
Por não termos nada melhor a oferecer
oferecemos-lhe a vida
e ele para nada nos dever
nos dá a dele também
Parece-nos justo viver por ele
e também por ele morrer
embora ocasionalmente ouçamos
que ele como todo gato
tenha depois de nossa morte
mais seis vidas para viver.
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