terça-feira, 22 de novembro de 2016

"Pedreira", de Paul Auster

"Não mais que seu canto. Como se
o canto e só
nos tivesse trazido até aqui.

Estivemos aqui, e nunca estivemos aqui.
Estivemos a caminho de onde começamos,
e estivemos perdidos.

Não há fronteiras
na luz. E a terra
não nos deixa palavra
por contar. Pois o desmoronamento da terra
sob os pés

já é música, e andar entre essas pedras
é nada ouvir
além de nós.

Canto portanto o nada,

como se fosse o lugar
a que não volto -

e se vier a voltar, então conta minha vida
nessas pedras: esquece

que jamais estive aqui. O mundo
que caminha em mim

é um mundo além do alcance."

(De  Os melhores poemas, tradução de Caetano W. Galindo, Companhia das Letras.)




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