quarta-feira, 6 de abril de 2022

Soneto de quem escreve como quem se afoga

 Escrevo como quem, no mar nadando,

Numa tarde de sol e calmaria,

De repente vê tudo se alterando

E em noite espessa se mudando o dia.


Escrevo como quem, já se afogando,

Tomado por espasmos de agonia,

Vai no instante final se lamentando

Por tudo que não fez quando podia.


Escrevo como quem, já resignado,

Levanta ao céu o olhar desalentado

E, achando ver nas trevas uma luz,


Rendendo-se definitivamente,

Implora, não com os lábios mas com a mente:

Recolhe-me, recebe-me, Jesus!



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