Escrevo como quem, no mar nadando,
Numa tarde de sol e calmaria,
De repente vê tudo se alterando
E em noite espessa se mudando o dia.
Escrevo como quem, já se afogando,
Tomado por espasmos de agonia,
Vai no instante final se lamentando
Por tudo que não fez quando podia.
Escrevo como quem, já resignado,
Levanta ao céu o olhar desalentado
E, achando ver nas trevas uma luz,
Rendendo-se definitivamente,
Implora, não com os lábios mas com a mente:
Recolhe-me, recebe-me, Jesus!
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