terça-feira, 12 de abril de 2022

Soneto dos meus passeios pelo parque

Não quero hoje, nem devo, me queixar.

Passado é, já, o pior da enfermidade

E posso agora, com tranquilidade,

Talvez a minha vida retomar.


Eu, que nem conseguia mais andar,

Caminho já com certa habilidade,

Agora que, movido por piedade,

Mister Parkinson leva-me a passear.


Tão bem agora eu tenho me sentido

Que nas ruas sou já reconhecido

E no parque já sou uma atração.


Exaltam tudo quanto tento ou faço,

Meu nome gritam sempre, em cada passo,

E me aplaudem a cada tropeção.



(Este soneto, que escrevi hoje, tem um significado especial. É um sinal de que talvez mister Parkinson possa ser vencido. É também uma reafirmação do meu compromisso de viver para os sonetos e por eles. E de sofrer com eles, adoecer com eles e procurar com eles a esperança e a salvação. Agradeço a todos pelo apoio. Persisto.)

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