Não quero hoje, nem devo, me queixar.
Passado é, já, o pior da enfermidade
E posso agora, com tranquilidade,
Talvez a minha vida retomar.
Eu, que nem conseguia mais andar,
Caminho já com certa habilidade,
Agora que, movido por piedade,
Mister Parkinson leva-me a passear.
Tão bem agora eu tenho me sentido
Que nas ruas sou já reconhecido
E no parque já sou uma atração.
Exaltam tudo quanto tento ou faço,
Meu nome gritam sempre, em cada passo,
E me aplaudem a cada tropeção.
(Este soneto, que escrevi hoje, tem um significado especial. É um sinal de que talvez mister Parkinson possa ser vencido. É também uma reafirmação do meu compromisso de viver para os sonetos e por eles. E de sofrer com eles, adoecer com eles e procurar com eles a esperança e a salvação. Agradeço a todos pelo apoio. Persisto.)
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