quinta-feira, 14 de julho de 2011

Silêncio

Que tua voz agora
seja a do silêncio

Tanto imprecaste
tanto maldisseste
que ainda é possível
depois de tanto tempo
recolher no ar
sílabas tuas
vogais pontudas
pedaços do teu ódio
fragmentos do teu rancor
lascas do teu ressentimento

Como alguns
como tantos
como todos
julgaste única a tua dor
e clamaste por atenção
como um menino remelento
chato e birrento
atirando-se ao chão

Tantas tolices disseste a tantos
e a tantos desejaste
doença calamidade e peste
que quando morreres
muitas delas ainda ficarão
para contar a história
e para garantir à tua memória
a eterna e meritória execração.

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