terça-feira, 12 de março de 2013

Digo...

... boa noite, como se houvesse ainda alguém disposto a ouvir-me. Digo boa noite, boa noite, boa noite três vezes, e nenhuma delas me soa como deveria soar. Tolo ou mal-intencionado é quem pensa que as palavras, por si sós, possam exprimir sentimentos. Digo boa noite, boa noite, boa noite, e é como se eu dissesse pedra, pedra, pedra. E ninguém mais acredita que eu queira mesmo dizer boa noite, boa noite, boa noite. Nem eu, nem meu coração mais. E isto, que deveria comover, parece a confissão de um serial killer, quando ele pergunta ao delegado, depois de uma pausa para o café: "Então, doutor, estávamos falando da décima terceira ou da décima quarta? De Sarah Smith ou de Jennifer Wilson?"

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