"A senhora acusa meu amor de ser material; ao menos nesse sentido ele não é: que eu não a possua nunca, se devo ter em meus braços uma mulher antes resignada que vencida. Renuncio ao ciúme, sacrifico meu amor-próprio, mas não posso abrir mão dos direitos secretos de meu coração sobre um outro. A senhora me ama, certo, muito menos do que eu a amo, sem dúvida, mas gosta de mim... não fosse isso, eu não teria invadido sua intimidade. Ora, a senhora vai acabar entendendo tudo o que tento explicar. Isso seria tão chocante para uma cabeça fria quanto deve tocar um coração indulgente e terno.
Um movimento seu causou-me muito prazer; por um instante a senhora pareceu temer, após alguns dias, que minha perseverança viesse a falhar. Ah, tranquilize-se... pouco mérito tenho em conservá-la: para mim só existe uma mulher no mundo!"
(Do livro Aurélia, tradução de Luís Augusto Contador Borges, publicado pela Iluminuras.)
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