O peixinho

Quando o menino de oito anos abriu a torneira da cozinha, desceu por ela um peixinho cinza. Era a primeira vez que isso acontecia e ele, depois de alguns instantes de indecisão, apanhou o peixe, encheu de água uma panela, jogou-lhe sal e pôs o peixe dentro. Correu para contar a novidade à mãe, que estava no chuveiro. Ela se enxugou, se vestiu e, rindo, desceu com ele: "Você ficou doido, menino?" Na cozinha, viram a panela e a água, mas nada de peixe. O chão estava respingado e o gato, sentado numa cadeira, lambia a pata e limpava o bigode. "Foi ele, mãe, ele comeu o peixinho." Sacudido, o gato não confessou. "Devia ser um sapinho, um bichinho de verdura", disse a mãe, vendo que o filho começava a chorar. "Era um peixe, mãe. Era, sim", gritou o menino e sacudiu outra vez o gato: "Cospe o peixinho, cospe."