domingo, 19 de maio de 2013
Priscylla (7)
Quando, em relato anterior, mencionei a impressão causada pelos cabelos úmidos de Priscylla Mariuszka Moskevitch em meu rosto e em meu braço, estava falando de algo físico e ao mesmo tempo mental, quase espiritual. Foi essa idealização da beleza que sempre busquei - creio até já ter dito isso - em Priscylla, embora a beleza dela, que meus olhos viam, não pudesse de forma alguma ser considerada comum. O platonismo esteve presente sempre em mim, desde o início, e em muitas ocasiões eu me perguntei se não seria essa uma posição equivocada (falar em tática seria uma grosseria que não me permiti então e não me permito agora). Poderia ter sido diferente? Poderia eu, com sete décadas de vida sobre os ombros, colocar-me na pele, nos ossos e no sangue de um jovem e imaginar-me galgando sacadas noturnas para arrebatar apaixonados beijos, ao luar? E não seria essa atitude comum demais, até vulgar, para quem já sentia não poder mais mascarar, dando-lhe o nome de afeto, aquilo que se revelava escancaradamente como amor?
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