terça-feira, 2 de julho de 2013

As pessoas...

... e as coisas são seres inanimados. Quem lhes dá vida são as palavras. Nomear alguém ou algo com ternura é fazer-se cativo de um feitiço do qual talvez nem a morte nos livre. Quantos há que ardem na própria chama por não saberem ou por duvidarem  disso. Certas palavras, como amor e amada, jamais devem ser pronunciadas com a plenitude dos lábios e da alma. Mesmo lê-las é arriscado. Houve um homem que, tendo tomado a vida toda essa precaução, foi ludibriado e leu, num sonho, essas palavras, escritas num livro envolto em fumaça. Tinha oitenta anos e, quando acordou, renegou a família, sumiu de sua casa e de sua aldeia e começou a perseguir pastoras de todas as idades, em todos os montes, como um lobo caçando ovelhas.

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